top of page

2024

Fenador - Associação Felicidade na Dor

Marble Surface
cesaltina_edited.png

Dra Cesaltina Conceição Major

“A Fenador tem uma história muito interessante. Nasceu no Hospital onde eu era médica – o Centro de Medicina Física e Reabilitação de Luanda - CMFR). A idéia era do José Gomes - um jovem tetraplégico que sonhava fazer do seu projeto uma grande organização. Tinha a ideia de criar uma associação para velar pelas pessoas com deficiência motora, formar e integrar na sociedade. O José Gomes era uma pessoa muito metódica e exigente - exigia até da médica dele no hospital. Foi graças à sua persistência que se criou e formalizou a Associação Fenador.

“Dra faz favor de cumprir com o programa, não se distraia” dizia-me.

Era muito determinado, escrevia e criava com a boca, e tinha fé que a Fenador iria dar certo. Rodeou-se de pessoas com deficiência que na altura viveram e foram reabilitadas com ele no CMFR (hospital) Nelson, Diogo, Simão, Sara e Nadie.

O nosso nome Felicidade na Dor foi inspirado no local onde surgiu a ideia de criar a Associação – os Fundadores conheceram -se no Hospital onde buscavam melhorias na sua saúde e foram inspirados a criar um espaço onde as pessoas pudessem desenvolver as suas capacidades e obter uma forma de sustento.

Continuo a ser parte da Associação Fenador e dos seus projetos, e orgulhosa dos 20 anos de existência e das muitas vidas mudadas pela Associação.”

tonica_edited.jpg

Missionária Tonica (Antonia Leonora van der Meer)

Tonica viveu aqui em Angola 10 anos - durante a guerra - em trabalho missionário. Ficou impressionada com a força dos angolanos para lutar pela vida e se alegrar cantando e dançando.

Em 2006 publicou um livro - “Eu, um Missionário?”- sobre a experiência, incluindo menções ao início da Associação Fenador e a sua dedicatória deste livro incia-se com a seguinte frase:

“Aos meus filhos na fé deficientes físicos de Angola, gerados em meio à dor e que continuam a produzir bons frutos.”

Em 1984, ano da sua chegada a Angola, foi pela primeira vez ao Centro de Medicina Física e Reabilitação em Luanda. O sofrimento e as carências dos muitos internados deixaram-na muito impressionada. Ali estavam algumas das maiores vítimas da guerra - os paralisadoe e os mutilados. Começou a passar dias no hospital – conversando com os pacientes e apresentando o amor de Deus, e iniciou também contactos para conseguir ajudas, sabonetes, toalhas, roupas, muletas e cadeiras de rodas. Através deste trabalho conheceu no hospital os futuros fundadores da Fenador: José Gomes, Zeca Massaqui, Diogo, Simão, Nelson, Sara, Dra. Cesaltina.

Regressou ao Brasil em 1994, mas voltou a visitar angola várias vezes desde então e continua a ser parte da Fenador com a sua família, apoiando a Associação com doações mensais.

Na Foto Tonica na sua visita à Fenador em 2018.”

Nadie.jpg

Albertina Valentino (Nadie)

“Conheci o José Gomes, o Diogo, a Sara, o Nelson, a Gina e o Simão, todos pessoas com defciência, quando comecei a trabalhar na El Shadai como cozinheira em 1994. A El Shadai era um projeto angolano para apoiar pessoas com deficiência financiado por uma igreja na Holanda.

Anos depois, em 2000, quando o José Gomes (tetraplégico) regressou do Brazil onde tinha ido para tratamentos, pediu ao Nelson para ir à minha procura. Davam-se os primeiros passos para criar a Associação Felicidade na Dor (Fenador), e fiquei a trabalhar para o grupo como enfermeira do José Gomes, que sendo tetraplégico tinha de ficar na cama muito tempo. Comecei também a trabalhar em relações públicas para contactar entidades para a poiar a Fenador: escrevíamos e distribuíamos cartas a pedir apoios. Assim recebemos do Governo provincial de Luanda o terreno onde está a atual sede e o apoio do Grupo Amizade Angola para a construcão de vários dos edifícios.

Continuo a trabalhar para a Associação Fenador – sou das poucas pessoas com salário na Fenador. Apoio os deficientes nas necessidades diárias e cozinho as refeições diárias para as crianças do colégio graças aos apoios financeiros mensais apoiadas por padrinhos no Brazil através da Um Novo Reconstruir - Angola.“

Marble Surface
Sara 1_edited_edited.jpg

Sara Ferreira de Almeida

“Ano 2019. Tinha partido a perna pela quinta vez tudo porque a cadeira de rodas de novo estava muito velha e estragada e caí. Lembro-me que já com o gesso na perna e muitas dores fui com o nosso artesanato para a habitual feira na Embaixada americana em Luanda. Quando cheguei, a sair do carro assim com a perna engessada e muitas dificuldades, a embaixadora perguntou-me como conseguia subir e descer do carro assim.

Porque tenho muita vontade e muito orgulho em trabalhar neste projeto de artesanato e divulgar a nossa causa e não vai ser uma perna partida que me vai parar!

Precisamos de apoios ao nosso projeto e à associação. Para continuarmos a demonstrar que as pessoas com deficiência são tão válidas como as que não têm deficiência.”

Vem apoiar-nos. Donativos para formações, propostas para feiras, cadeiras de rodas, bolsas de estudos. Todos os apoios são bem vindos.’’

simao_edited.jpg

Simão Joveth

‘’Sou membro fundador da Associação Fenador e trabalho e resido na Associação. Trabalho atualmente na comunicação - muitas das fotografias e histórias do Facebook e Instagram são resultado do meu trabalho diário - e também na pintura das Galinhas do Cacuaco.

Vim para Luanda aos 12 anos para fugir à guerra no Malange. Em 1988, com 14 anos, fui uma das vítimas dos conflitos armados na cidade. Uma bala perdida atingiu-me a coluna e paralisou-me as pernas.

No hospital Centro de Medicina Física e de Reabilitação de Luanda, onde fiquei em reabilitação 2 anos, conheci os restantes membros fundadores da Fenador - José Gomes, Sara, Diogo e Nelson entre eles.

Trabalhámos longos anos para que a Fenador chegasse até onde chegou hoje.’’

diogo_edited.jpg

Diogo Cabila João
Falecido em Dezembro 2023

“A Fenador é um projeto de solidariedade. É acima de tudo um projeto para dar motivação às pessoas com deficiência no sentido de serem úteis para elas mesmas e para a sociedade. Porque a pessoa com deficiência pode realizar-se e tocar a vida para a frente.

Estamos sediados no Cacuaco desde 2011 e aqui temos materializado e desenvolvido a Associação Fenador. Hoje temos um projeto de ensino escolar de mais de 150 crianças carenciadas, e também o projeto de artesanato Galinha do Cacuaco, que já emprega 16 pessoas com deficiência.

Agradecemos todos os apoios e convites para estar presentes em feiras, bazares e todas as encomendas do nosso artesanato. Cada um destes convites permite-nos dar mais oportunidades às pessoas com deficiência.

Chamo-me Diogo João e sou o atual diretor executivo da Associação Felicidade na Dor – Fenador.’’

Marble Surface
nelson_edited.jpg

Nelson

'INFELIZMENTE nem todos nascem ou permanecem saudáveis

Hoje quero partilhar a minha experiencia de vida como pessoa com deficiência.

Como é obvio para uma pessoa que nasceu e cresceu normalmente, andando pelos seus próprios pés, de repente tornar-se dependente de uma cadeira de rodas e de outras pessoas não é fácil e nem tão pouco normal. Assim pensava eu.

No momento em que acordei no hospital, depois do acidente, e me informaram que estava paralisado dos membros inferiores e que dependeria de uma cadeira de rodas… nesse momento senti o mundo a desabar por cima de mim.

Sou “cadeirante” vitima de um acidente de viação. Faco parte dos membros fundadores da associação Felicidade na Dor e sou parte integrante do nosso grupo de artesanato.

Hoje em dia dou graças a Deus – perdi o movimento dos pés, ganhei Jesus na minha vida como meu salvador. Hoje sou temente a Deus e trabalho e resido na Associação.’’

breatriz crianca_edited.jpg

Beatriz, aluna da escola

'Meu nome é Beatriz, tenho 9 anos e vivo com os meus pais e uma irmã, eu sou a filha mais velha. Em nossa casa moram 4 pessoas.

Antes eu morava com a minha tia no Bairro Zango (aqui em Angola é comum morar na casa de parentes para conseguir estudar), mas lá no Zango eu estudava no regime de explicação e não conseguia entender muita coisa.

Então, no ano passado (2018) eu me mudei para o Cacuaco onde vivem meus pais. O meu vizinho Abreu me contou que na escola dele (Fenador) ensinavam bem. Ele me falou também que as professoras ajudavam os alunos que tinham dificuldades de leituras e escrita (como eu).

Então, em janeiro deste ano, eu pedi para a minha mãe me matricular na escola da Fenador. O meu pai conseguiu o dinheiro da matrícula e a minha mãe me matriculou no dia 09/01. Eu fiquei tão feliz!

Estou a cursar o 2º ano como aluna na Escola da Fenador e estou a gostar muito de estudar aqui. O que o Abreu tinha me contado é verdade! Aqui ensinam bem, pois já consigo ler e escrever.’’

IMG_1457.jpg

Beatriz

'Sou a Bia - sou parte do Grupo de artesanato Galinha do Cacuaco da Fenador e sou secretária administrativa da Associação. Tenho aprendido muito nesta área - apoio a gestão diária do colégio primário e os relatórios. Está ser um experiência bonita e impactante estou a gostar bastante.

Gosto de trabalhar e conviver na Fenador com outras pessoas com deficiência motora. Falamos das nossas dificuldades das nossas histórias e das coisas que nos indentificam. Trabalhamos em conjunto e também nos divertimos

Na Fenador tenho oportunidade de desempenhar funções que nunca imaginei pois não há muitas oportunidades de emprego para pessoas com deficiência em Angola. E estou a aprender todos os dias.

A Fenador é uma mãe para mim - através dela estou a absorver conhecimentos e experiências de integração social que vou carregar comigo a vida toda.

Obrigado Fenador - Associação Felicidade na Dor.'

bottom of page